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Guia atletismo paralímpico

Mulheres nos Jogos Paralímpicos: história, recordes e atletas brasileiras

11/11/2024

Superação, resiliência e conquistas que vão além de medalhas, é o que resume a história das mulheres nas Paralimpíadas. Desde o início dos Jogos Paralímpicos, em 1960, em Roma, o caminho para a inclusão feminina de paratletas no esporte passou por um longo processo de transformações. 

As mulheres, que inicialmente representavam uma minoria nos Jogos, hoje ocupam um papel de protagonismo, quebrando recordes e ampliando a visibilidade do esporte adaptado. Não foi uma conquista fácil e vale a pena entender os marcos do tempo nos Jogos Paralímpicos e como tudo isso aconteceu.

 

História dos Jogos Paralímpicos

Assim como as Olimpíadas, as Paralimpíadas ocorrem a cada quatro anos. Destinadas às pessoas com necessidades especiais, inclui modalidades que permitem atletas com diversos tipos de deficiência competirem. Nos Jogos Paralímpicos participam atletas com deficiências motoras, amputados, cegos, além de pessoas que sofreram paralisia cerebral e que possuem alguma deficiência mental.

Desde o final do século XIX são documentadas práticas de esportes por pessoas com deficiências no continente europeu, mas foi somente após a Segunda Guerra Mundial que surgiu a profissionalização da disputa entre pessoas com diversidade funcional e assim surgiu a história das Paralimpíadas

 

Por meio do Centro de Lesionados Medulares (Spinal Injuries Centre), em um estudo dirigido por Ludwig Guttmann, médico alemão que fugiu do seu país natal para o Reino Unido durante o governo nazista, foi introduzido o esporte como forma de tratamento para reabilitar pacientes. Esse programa, em 1948, deu início a uma competição anual, a Stoke Mandeville Games. Esse nome é uma referência ao local onde o centro de reabilitação ficava, a vila de Stoke Mandeville, na Inglaterra. 

 

 

Em 1952, recebeu atletas estrangeiros pela primeira vez e seu crescimento fez com que a competição deixasse de ser exclusivamente para pacientes. Em 1960, a edição dos Stoke Mandeville Games foi levada para a cidade que sediava os Jogos Olímpicos e considerada a primeira edição dos Jogos Paralímpicos da história, realizada com a presença de 400 atletas de 23 países. Em 1964, em Tóquio, esse evento esportivo passou a ser conhecido como Jogos Paralímpicos.

Participação de mulheres nas Paralimpíadas


Na primeira edição dos Jogos Paralímpicos a participação feminina era extremamente limitada. As mulheres representavam uma pequena fração dos atletas e participavam de menos modalidades em relação aos homens. Com o tempo, porém, o movimento paralímpico adotou uma postura mais inclusiva, promovendo gradualmente a igualdade de gênero e incentivando a participação de atletas femininas com deficiências físicas e sensoriais.

Nos Jogos de Toronto, em 1976, as competições de mulheres com deficiência visual foram introduzidas e, em 1980, nas Paralimpíadas de Arnhem, foi a vez das atletas com deficiência intelectual começarem a participar. Essas inovações foram passos significativos para abrir novas oportunidades e aumentar a diversidade, incluindo mulheres, no esporte paralímpico.

Marcos femininos nos Jogos Paralímpicos

Desde o final de 1989, com a criação do Comitê Paralímpico Internacional (IPC), o movimento paralímpico ganhou força, e as mulheres começaram a quebrar recordes históricos: 

  • Trischa Zorn: a nadadora americana Trischa Zorn, detém o recorde de maior número de medalhas conquistadas nas Paralimpíadas, com impressionantes 55 medalhas (41 de ouro) entre 1980 e 2004.
  • Chantal Petitclerc: na natação, a canadense Chantal Petitclerc foi um grande destaque, tornando-se uma das maiores atletas de todos os tempos, acumulando 21 medalhas, sendo 14 de ouro. 
  • Béatrice Hess: a nadadora francesa está em 2° lugar na lista de atletas que conquistaram pelo menos 10 medalhas de ouro em um esporte, com total de 25 (20 de ouro e 5 de prata) entre os anos de 1984-2004. Beatrice também quebrou nove recordes mundiais nas Paralimpíadas de 2000 em Sydney, Austrália.
  • Deepa Malik: primeira medalhista paralímpica da história de seu país, a Índia, Deepa Malik ganhou prata nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Conquistou 47 medalhas de ouro, cinco de prata e duas de bronze em competições nacionais, além de 13 medalhas internacionais. 

Essas e outras recordistas inspiraram a nova geração de atletas, que continuam a desafiar os limites e a redefinir os padrões de competição.

Brasileiras em destaque: conheça as atletas que fizeram história nas Paralimpíadas

O Brasil tem uma trajetória admirável nas Paralimpíadas, especialmente entre as mulheres. Desde os anos 2000, as atletas brasileiras têm se destacado nas modalidades da competição.


Terezinha Guilhermina

Um dos nomes mais notáveis é Terezinha Guilhermina, velocista deficiente visual que se tornou um ícone do atletismo paralímpico brasileiro. A atleta conquistou seis medalhas paralímpicas ao longo de sua carreira (três de ouro, uma de prata e duas de bronze), quebrando recordes e se tornando uma das mulheres mais conhecidas do esporte paralímpico brasileiro.

Susana Schnarndorf

A nadadora Susana Schnarndorf, que participou das Paralimpíadas do Rio 2016 apesar de ter sido diagnosticada com uma doença degenerativa, é uma inspiração para outros atletas e para o público por sua força e determinação.

Josiane Lima

Josiane Lima é a primeira e única mulher a conquistar uma medalha nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. No ano de 2006, começou sua carreira no remo buscando melhorias na qualidade de vida, após um grave acidente de motocicleta em que quase amputou a sua perna. Em 2008, com o remo inserido nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, Josiane trouxe para o Brasil a primeira medalha da categoria.

Raissa Machado

Na última edição dos Jogos, em Paris 2024, o Brasil continuou a brilhar com atletas como Raissa Machado, no lançamento de dardo. A atleta baiana é a atual recordista mundial no lançamento de dardo da classe F56 (atletas que lançam em cadeiras). 

A atuação dessas e outras mulheres brasileiras nas Paralimpíadas reforça o potencial do país e na edição dos jogos de 2024 colocou o Brasil em posição de destaque no cenário paralímpico global.

Jogos Paralímpicos Paris 2024: Recorde de paratletas mulheres

A trajetória das mulheres nas Paralimpíadas reflete o aumento significativo na igualdade de gênero e inclusão no esporte. Em 1960, as mulheres eram uma minoria, com participação restrita a poucas modalidades e ao longo das décadas o número de atletas e de competições femininas cresceu consideravelmente. Em Londres 2012, as mulheres já representavam cerca de 40% dos atletas, um recorde na época, e essa participação continuou crescendo até Paris 2024, com a inclusão de novas modalidades e eventos.

As Paralimpíadas de Paris também consolidaram a igualdade de premiação e visibilidade para as competições femininas, com transmissões ao vivo e maior presença nas redes sociais, promovendo uma imagem inspiradora das atletas paralímpicas. Esse avanço é fruto das iniciativas de políticas públicas, ações de inclusão do IPC e dos comitês nacionais, que estabeleceram metas para equilibrar a participação feminina e masculina.

Saiba mais:

Crédito fotos: Comitê Paralímpico Brasileiro.

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