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Mata Atlântica: o bioma mais ameaçado do Brasil

02/01/23

A Mata Atlântica é considerada uma das áreas mais ricas em biodiversidade do mundo. Contudo, 90% de sua extensão original está destruída, tornando-a o bioma brasileiro mais ameaçado.

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O Brasil comemora, em 27 de maio, o Dia Nacional da Mata Atlântica, criado por decreto federal, de 21 de setembro de 1999. A data é uma referência a 27 de maio de 1560, quando o Padre Anchieta assinou a carta de São Vicente, documento no qual descreveu, pela primeira vez, a biodiversidade das florestas tropicais nas Américas.

 

 

 

A Mata Atlântica é considerada uma das áreas mais ricas em biodiversidade do mundo. Foi decretada Reserva da Biosfera pela Unesco e Patrimônio Nacional, na Constituição Federal de 1988.

Mata Atlântica: características, extensão e localidade

A Mata Atlântica abrange as maiores cidades e regiões metropolitanas do Brasil. Nela, moram mais de 145 milhões de pessoas. Mais de 80% da produção econômica nacional é gerada nessa região, considerada o centro sócio-econômico do país. Todavia, a vegetação remanescente ocupa cerca de 29% da área de cobertura vegetal do bioma.

A Mata é encontrada nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, e parte dos territórios de Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. Ela apresenta grande variedade de formações, engloba uma diversidade de ecossistemas florestais com estrutura e composições florísticas bastante diferenciadas, acompanhando as características climáticas da região onde ocorre.  Neste território, as nascentes e mananciais abastecem as cidades, sendo um dos fatores que têm contribuído com os problemas da crise hídrica, associados à escassez, ao desperdício, à má utilização da água, ao desmatamento e à poluição.

Fauna, Flora e outras riquezas únicas da Mata Atlântica

Originalmente, o bioma ocupava mais de 1,3 milhões de quilômetros quadrados em 17 estados do território brasileiro, estendendo-se por grande parte da costa do país. Porém, devido à ocupação e atividades humanas na região, hoje restam cerca de 29% da sua cobertura original.

Mesmo assim, estima-se que existam na Mata Atlântica cerca de 20.000 espécies vegetais (35% das espécies existentes no Brasil, aproximadamente), incluindo diversas endêmicas e ameaçadas de extinção. Essa riqueza é maior que a de alguns continentes, a exemplo da América do Norte, que conta com 17 mil espécies vegetais, e Europa, com 12,5 mil. Esse é um dos motivos que torna a Mata Atlântica prioritária para a biodiversidade mundial.

Em relação à fauna, o bioma abriga cerca de 850 espécies de aves, 370 de anfíbios, 200 de répteis, 270 de mamíferos e 350 de peixes. Além de ser uma das regiões mais ricas do mundo em biodiversidade, a Mata Atlântica fornece serviços ecossistêmicos essenciais para os 145 milhões de brasileiros que vivem nela.

Apesar da expansão da indústria, da agricultura, do turismo e da urbanização causarem a biodiversidade em várias áreas, a Mata Atlântica oferece outras possibilidades de atividades econômicas, que não implicam na destruição do meio ambiente e em alguns casos podem gerar renda para as comunidades locais e tradicionais. Alguns exemplos são o uso de plantas para se produzir remédios, matérias-primas para a produção de vestimentas, corantes, essências de perfumes; insumos para a indústria alimentícia ou ainda a exploração de árvores por meio de corte seletivo para a produção de móveis certificados, o chamado manejo sustentável, o ecoturismo, e mais recentemente, o mercado de carbono. Principais exemplos vegetais: pau-brasil, cedro, canela, ipê, jacarandá, jatobá, jequitibá, palmeira, cipós e orquídeas.

Desmatamento: o bioma mais ameaçado do mundo

Grande parte da vegetação da Mata Atlântica foi destruída devido à exploração intensiva e desordenada da floresta. O pau-brasil foi o principal alvo de extração e exportação dos exploradores que colonizaram a região e hoje está quase extinto. O primeiro contrato comercial para a exploração do pau-brasil foi feito em 1502, o que levou o Brasil a ser conhecido como "terra brasilis", ligando o nome do país à exploração dessa madeira, avermelhada como brasa.

Outras madeiras de valor também foram exploradas até a extinção, como por exemplo a tapinhioã, sucupira, canela, canjarana, jacarandá, araribá, pequi, jenipaparana, peroba, urucana e vinhático. Os relatos antigos falam de uma floresta densa aparentemente intocada, apesar de habitada por vários povos indígenas com populações numerosas.

No Nordeste brasileiro a extinção foi quase total, o que agravou as condições de sobrevivência da população, causando fome, miséria e êxodo. Na Região Sudeste, foi a cultura do café a principal responsável pela destruição em massa da vegetação nativa. Mas na Região Sul, a exploração predatória da Mata Atlântica devastou o ecossistema da Floresta das Araucárias devido ao valor comercial da madeira pinho extraída da pinheiro-do-paraná.

Além da exploração predatória dos recursos federais, houve também um significativo comércio de exportação de couros e peles de animais. Hoje, praticamente 90% da Mata Atlântica em toda a extensão territorial brasileira está destruída. Seu ritmo de desmatamento é 2,5 vezes superior ao encontrado na Amazônia no mesmo período.

 

Preservação da Mata Atlântica: um desafio de todos

 

Existem diversos projetos de recuperação da Mata Atlântica, que esbarram sempre na urbanização e falta de planejamento do espaço, principalmente na Região Sudeste. Como por exemplo, na cidade de São Sebastião (litoral norte de São Paulo), que possui alguns trechos de áreas de preservação.

Houve diminuição na exploração do Paraná, graças à reação cultural da população e à criação de APAs (áreas de proteção ambiental), que são apoiadas por uma legislação rígida e fiscalização intensiva dos cidadãos. Essa vegetação paranaense preserva um alto nível de biodiversidade, das quais estão o mico-leão-dourado, as orquídeas e as bromélias.

A Constituição Federal de 1988 coloca a Mata Atlântica como patrimônio nacional, junto com a Floresta Amazônica Brasileira, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-grossense e a Zona Costeira. A derrubada da mata primária é proibida. A política da Mata Atlântica (Diretrizes para a Política de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Mata Atlântica), de 1998, contempla a preservação da biodiversidade, o desenvolvimento sustentável dos recursos naturais e a recuperação das áreas degradadas.

Água: fonte de vida e biodiversidade

As regiões da Mata Atlântica têm alto índice pluviométrico devido às chuvas de encosta causadas pelas montanhas que barram a passagem das nuvens. É comum pensarmos na complexidade de um bioma por aspectos de sua fauna e flora, mas um elemento fundamental para a existência da biodiversidade é a água.

As atividades humanas desenvolvidas dentro do bioma dependem da água para a manutenção da agricultura, da pesca, da indústria, do comércio, do turismo, da geração de energia, das atividades recreativas e de saneamento.

Atualmente, um conceito-chave para se estudar a relação entre a água, a biodiversidade e as atividades humanas é o da bacia hidrográfica, que é o conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. Na Mata Atlântica estão localizadas sete das nove grandes bacias hidrográficas alimentadas pelos rios São Francisco, Paraíba do Sul, Doce, Ribeira do Iguape e Paraná.  As florestas asseguram a quantidade e qualidade da água potável que abastece mais de 110 milhões de brasileiros em aproximadamente 3,4 mil municípios inseridos no bioma.

Iniciativas da Neoenergia na preservação da Mata Atlântica

                            

 

A preservação do meio ambiente é prioridade para a Neoenergia. Com relação à Mata Atlântica, a companhia implementa inúmeras iniciativas para a preservação desse patrimônio natural do país e do mundo. Nossas sete hidrelétricas operam em estados que cobrem grande parte do território da floresta e do seu valioso bioma.

Na Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, no sudoeste do Paraná, ações do Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu (CEBI) buscam a preservação de espécies nativas e o reflorestamento de áreas desmatadas.  A hidrelétrica foi implantada numa área próxima aos limites do Parque Nacional do Iguaçu, o qual abriga uma rica biodiversidade da Mata Atlântica.

Outra medida para preservar o bioma foi a criação do Corredor da Biodiversidade, que está recuperando 1.700 hectares de vegetação nas margens do Iguaçu e seus afluentes. Programas de monitoramento e conservação da fauna da região, incluindo espécies ameaçadas de extinção, também são incentivadas. Um dos programas de fauna promovidos pelo CEBI dedicou especial atenção ao surubim do Iguaçu, o maior peixe do Rio Iguaçu, e que chegou a ser considerado extinto há algumas décadas. Biólogos usam tecnologia de ponta para entender o comportamento da espécie.

A Neoenergia também criou soluções inéditas para reduzir impactos ambientais em obras de transmissão. Nas linhas que reforçam o sistema elétrico do Mato Grosso do Sul, foram utilizadas madeira de eucalipto não tratado para acessar as torres de transmissão, evitando o aterramento de áreas alagadas e, assim, contribuindo com a conservação da biodiversidade e das paisagens locais. Essas linhas de transmissão somam cerca de 200 quilômetros de extensão, passando por áreas da Mata Atlântica.

A tecnologia e o acesso a imagens de alta resolução também são utilizadas para ajudar na preservação de regiões da Mata Atlântica. Nas Usinas Hidrelétricas Baixo Iguaçu (PR), Corumbá lll (GO) e Teles Pires (MT/PA), os veículos não tripulados (VANTS), popularmente conhecidos como drones, são uma ferramenta para o monitoramento de uso e ocupação das Áreas de Preservação Permanente (APPs). Os equipamentos possibilitam o acesso a imagens em alta resolução, dando mais agilidade e objetividade ao controle dessas áreas. Ao todo, são 28,2 mil hectares de conservação em alguns dos principais biomas brasileiros: Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia.

 

Conheça as espécies presentes na Mata Atlântica

 

Uma das florestas mais ricas em biodiversidade no planeta, a Mata Atlântica detém o recorde de plantas lenhosas (angiospermas) por hectare (450 espécies no sul da Bahia), cerca de 20 mil espécies vegetais, sendo 8 mil delas endêmicas, além de recordes de quantidade de espécies e endemismo em vários grupos de plantas.

Mico-leão-dourado, onça-pintada, bicho-preguiça, capivara, macacos, preguiças, jaguatiricas, cachorros-do-mato, cobras, são alguns dos mais conhecidos animais que vivem na Mata Atlântica, mas a fauna do bioma, onde estão as principais cidades brasileiras, é bem mais abrangente. São, por exemplo, 261 espécies conhecidas de mamíferos. Isto significa que se, acrescentássemos à nossa lista inicial o tamanduá-bandeira, o tatu-peludo, a jaguatirica, e o cachorro-do-mato, ainda faltariam 252 mamíferos para completar o total de espécies dessa classe da Mata Atlântica.

O mesmo acontece com os pássaros, répteis, anfíbios e peixes. Exemplos de espécies presentes na Mata Atlântica: garça, tiê-sangue, tucano, araras, beija-flores, periquitos, jararaca, jacaré-do-papo-amarelo, cobra-coral, sapo-cururu, perereca-verde, rã-de-vidro, peixes conhecidos como o dourado, o pacu e a traíra. São 1.020 espécies de pássaros, 197 de répteis, 340 de anfíbios e 350 de peixes que são conhecidos até hoje no bioma. Sem falar de insetos e demais invertebrados e das espécies que ainda não foram descobertas pela ciência e que podem estar escondidas bem naquele trecho intacto de floresta que você admira quando vai para o litoral.

 
 
 

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