G20 Brasil 2024: O que esperar da cúpula no Rio de Janeiro
Nos dias 18 e 19 de novembro de 2024, o Brasil será o palco de um dos eventos mais relevantes da política e economia global: a cúpula do G20. Neste encontro, o país assumirá a liderança de discussões sobre temas importantes para o futuro do planeta, como as mudanças climáticas, a transição energética e a transformação das economias globais.
O que é o G20?
Também conhecido como “Grupo dos Vinte”, o G20 é o principal fórum de cooperação econômica internacional, composto pelas 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e, mais recentemente, da União Africana. Juntos, seus membros representam aproximadamente dois terços da população mundial, 85% do PIB global e 75% do comércio internacional.
Sua presidência é rotativa, mudando anualmente entre seus membros. Cada país que assume essa liderança tem a responsabilidade de definir a agenda e organizar as cúpulas durante o ano de seu mandato.
Inicialmente focado em questões macroeconômicas, o G20 ampliou sua agenda ao longo dos anos para abordar temas fundamentais para o desenvolvimento global, como comércio, sustentabilidade, saúde, agricultura, meio ambiente, energias renováveis, mudanças climáticas e combate à corrupção.
Qual é a origem do G20?
O G20 foi criado no final da década de 1990, em um momento marcado pela crise asiática, como um fórum informal para a coordenação entre os ministros de Economia e os líderes dos Bancos Centrais no fim da década de 1990.
O desequilíbrio econômico que havia se espalhado pela Ásia e América Latina, mostrou a necessidade de incluir países em desenvolvimento nas discussões sobre a estabilidade econômica global, ampliando debates que antes eram feitos apenas no âmbito do G7/G8.
Em 2008, no auge de mais uma crise econômica mundial que refletiu a quebra do banco Lehman Brothers, o grupo teve a primeira reunião de Cúpula, e, desde então, não parou de se destacar no cenário internacional, sempre discutindo assuntos relacionados à estabilidade econômica global.
Foi nesse ano também que o G20 passou a trabalhar conjuntamente com outros organismos, países convidados e fóruns internacionais, como o Banco de Compensações Internacionais (BIS) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
E, embora tenha sido feito para responder a crises, o grupo se consolidou como um espaço essencial para antecipar instabilidades e desenvolver soluções conjuntas.
O que são as Trilhas do G20?
As Trilhas do G20 são os principais eixos de discussão que guiam os trabalhos e debates dentro do grupo. Elas são divididas em duas áreas principais:
Trilha Financeira
Envolve ministros da Fazenda e líderes de Bancos Centrais, com foco em temas como economia global, estabilidade financeira, regulação e a coordenação de políticas fiscais e monetárias.
Essa trilha é dividida em sete grupos técnicos: economia global, arquitetura financeira internacional, infraestrutura, finanças sustentáveis, tributação internacional, inclusão financeira e assuntos do setor financeiro.
Além disso, desde 2021, existe uma Força-Tarefa Conjunta de Finanças e Saúde, criada como um fórum para melhorar a cooperação entre esses dois setores cruciais.
Trilha de Sherpas
A Trilha de Sherpas é separada em 15 grupos de trabalho, duas forças-tarefa (uma para o Lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e outra para a Mobilização Global contra a Mudança do Clima) e uma Iniciativa sobre Bioeconomia.
Os grupos de trabalho são: agricultura, anticorrupção, cultura, desenvolvimento, economia digital, redução do risco de desastres, educação, emprego, transições energéticas, sustentabilidade climática e ambiental, saúde, turismo, comércio e investimentos, empoderamento das mulheres e pesquisa e inovação.
G20 Brasil 2024
O Brasil assumiu pela primeira vez a presidência do G20 em dezembro de 2023 e sua liderança vai até novembro de 2024. Durante esse período, o grupo adotará o lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável” e contará com três temas prioritários: transição energética, desenvolvimento sustentável justo (com ênfase no combate à fome, à pobreza e à desigualdade) e reforma das instituições multilaterais.
O país também reafirmou suas prioridades ao anunciar a criação de duas forças-tarefas no âmbito do G20: a “Aliança Global de Combate à Fome e à Pobreza” e a “Mobilização Global contra a Mudança Climática”, além de lançar uma iniciativa voltada para a Bioeconomia.
Na Trilha de Finanças, sob a coordenação do Ministério da Fazenda, serão discutidos temas como financiamento para ações climáticas, renegociação de dívidas soberanas, progressividade tributária e a reforma da governança nas instituições financeiras internacionais.
Até o fim da liderança brasileira, serão feitos mais de 100 encontros de trabalho e forças-tarefas que integram o G20, tanto presenciais quanto virtuais. O objetivo é transformar o grupo em um fórum mais acessível e representativo, culminando na Cúpula dos Líderes do G20, nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.
Ao longo desse período, o país também se prepara para a COP-30, que acontecerá em 2025, também no Brasil. Essa conferência será uma oportunidade para fortalecer os diálogos iniciados no G20 e impulsionar compromissos ainda maiores para mitigar os efeitos da crise climática.
G20 Brasil 2024 e o incentivo à energia renovável
O Brasil, como líder do G20 em 2024, também busca consolidar seu papel como protagonista nas discussões sobre transição energética e energias renováveis. Com uma matriz energética já composta majoritariamente por fontes limpas, o país irá utilizar sua experiência para encorajar os demais a também assumirem essa transformação.
A capacidade brasileira de assumir esse comando se apoia nos programas e incentivos governamentais, em projetos de lei, no engajamento em arranjos internacionais que envolvam a produção de energia limpa e nos dados sobre a matriz energética brasileira.
Um exemplo é o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), coordenado pelo Brasil, que definiu um investimento de R$417,5 bilhões de reais em ações de transição energética de 2023 a 2026. Também vale destacar que o país construiu uma Aliança Global para Biocombustíveis, com o intuito de expandir o consumo dessa fonte energética, e assinou o Plano de Trabalho para a Aceleração Energética com a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), além de assumir a coordenação do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20.
Os temas tratados como prioritários durante a presidência do ano anterior, na Índia, foram: combustíveis para o futuro, financiamento de baixo custo para transição energética e a transição energética por meio da abordagem de lacunas de energia.
Para 2024 os principais temas do grupo serão: a transição energética justa e inclusiva, como acelerar o financiamento das transições energéticas, a dimensão social da transição energética e as perspectivas de inovação de combustível sustentável.
Ou seja, a expectativa do país está não apenas em avançar com a transição energética, mas em solucionar o desafio que é levar essa mudança de forma justa para outras regiões do mundo que dependem do apoio de países desenvolvidos e da diversificação de financiamentos.
Cidadãos também podem participar do G20?
A presidência brasileira do G20 criou o G20 Social, um espaço de participação e contribuição da sociedade civil na formação de políticas relacionadas à cúpula.
Com o objetivo de aproximar o fórum da população, esta edição incluirá atividades de 12 grupos de engajamento, coordenados entre trilhas política e financeira e atores não governamentais.
Estão previstas mais de 30 reuniões de grupos de engajamento e outras atividades que envolvem cidadãos comuns dos países do agrupamento. Para participar, os interessados devem consultar o calendário divulgado no site oficial do G20.
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