O Brasileirão Feminino Neoenergia é o mais competitivo do mundo?
29/06/21
Foto: Thais Magalhães/CBF
O Brasileirão Feminino Neoenergia se destaca em diversos fatores de competitividade. Cada vez mais profissional e democrático, é um dos mais vistos do mundo e com a maior quantidade de times postulantes a título. Mas ele já pode ser considerado o mais competitivo do mundo?
A técnica da Seleção Brasileira Feminina, a sueca Pia Sundhage, destaca que a competitividade é a principal característica do Brasileirão Feminino, o que explica o grande número de jogadoras atuantes no futebol nacional chamadas para a seleção na última convocação.
“A competitividade (me agradou bastante). Foi muito bacana estar na arquibancada e ver isso, assistir essa competitividade, que é muito importante. Temos quatro equipes muito diferentes envolvidas. Citando duas jogadoras do Avaí Kindermann que foram muito bem: Julia Bianchi e também a Duda. Temos boas jogadoras por aí e, se o ambiente for competitivo, elas terão a chance de brilhar. Também gostei do Corinthians, que jogou com o Palmeiras. Foi uma ótima disputa. Estou muito ansiosa pelas partidas de volta."
Como é o Brasileirão Feminino Neoenergia?
De 2013 a 2016, o Campeonato Brasileiro Feminino tinha apenas uma divisão e contava com 20 equipes. Em paralelo, existia a Copa do Brasil de Futebol Feminino, extinta em 2017. Ao deixar de organizar a competição, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) reduziu o número de participantes do Brasileiro para 16 e criou uma Segunda Divisão Nacional, a Série A-2. Com isso, surgiram também o acesso e o descenso, com quatro equipes caindo e quatro subindo.
Com 16 times participantes, a Série A1 do Campeonato Brasileiro é disputada primeiramente em turno único, em que todos se enfrentam apenas uma vez. Passadas as 15 rodadas, os oito primeiro colocados se classificam para as quartas de final, seguidas por semi e decisão disputadas em dois jogos de ida e volta. Ao todo, são 134 jogos disputados. A CBF arca com passagens aéreas, hospedagem, alimentação, transporte terrestre e auxílio financeiro para jogos fora de casa.
Atualmente, o futebol feminino no Brasil tem cinco competições. As principais são os Brasileiros Série A1 e A2, categorias profissionais. De base, existem os Brasileiros Sub-18 e Sub-16. A quinta competição é o Torneio de Desenvolvimento de Futebol Sub-14, para meninas até 14 anos.
A CBF vai criar em 2022 uma nova divisão para o futebol feminino brasileiro. Serão 32 clubes envolvidos na disputa. Com três divisões, o futebol feminino passará a ter 64 agremiações em atividade no Brasileirão a partir da próxima temporada. Atualmente, o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino tem 52 clubes distribuídos em duas divisões: 16 na Série A-1 e 36 na Série A-2. A partir do próximo ano, serão 16 na elite, 16 na segunda divisão e 32 na inédita Série A-3.
Com a criação da Série A-3, o futebol feminino brasileiro passará a ter quatro competições na categoria adulto-séries A-1, A-2 e A-3 do Brasileirão. Além da Super Copa do Brasil e quatro nas categorias de base: Brasileirão Sub-18, Brasileirão Sub-16 e a Liga de Desenvolvimento Conmebol nas categorias Sub-16 e Sub-14.
Separamos alguns fatores para analisar a competitividade do campeonato. A partir deles, podemos conhecer um pouco melhor o Brasileirão Feminino Neoenergia e opinar sobre sua competitividade. Confira:
1. Formato Democrático
No intuito de conferir um formato democrático e representativo ao campeonato, a série A-3 será formada pelos campeões estaduais dos 27 estados e do Distrito Federal. Caso o campeão estadual já esteja na Série A1 ou na A2, será substituído pelo vice-campeão, ou pelo terceiro colocado, ou pelo quarto, e assim sucessivamente, mas sempre obedecendo a ordem de classificação da competição estadual.
Dessa maneira, o campeonato é formado pelos times mais fortes de seus estados, ou seja, times que já provaram sua qualidade recentemente.
2. Diferentes Campeões
Entre 2013 e 2018, a Série A-1 do Brasileirão contou com cinco campeões diferentes: Centro Olímpico, Ferroviária, Rio Preto, Flamengo, Santos e Corinthians. Este é um importante fator de competitividade, pois demonstra que o favoritismo não está concentrado em poucos clubes. No mesmo período, o campeonato espanhol foi vencido apenas pelo Barcelona, Atlethic e Atlético de Madrid. No alemão, apenas o Wolfsburg e o Bayern Munich garantiram o caneco.
"Vivemos um momento de muita maturidade das competições adultas femininas, com o aumento da competitividade entre os clubes e uma visibilidade cada vez maior, permitindo que novas equipes ingressem no circuito nacional de competições. A Divisão A-3 ajudará muito no aumento do mercado de trabalho para as atletas, além de incentivar o fortalecimento das categorias de base dos clubes, que ganham um calendário maior e mais estruturado", afirma Aline Pellegrino, Coordenadora de Competições Femininas da CBF.
Apesar da diversidade, das 8 edições do campeonato, 7 foram vencidas por times paulistas, hegemonia quebrada apenas pelo título do Flamengo, em 2016.
3. Trabalho de Base
Uma pesquisa do IBGE revelou que enquanto 41% dos meninos começa a praticar esportes entre 6 e 10 anos de idade, menos de 30% das meninas têm a mesma experiência. Esse dado representa o principal desafio do futebol feminino de base: começando a treinar mais tarde, as meninas chegam ao profissional sem o mesmo domínio dos fundamentos.
“Precisamos conseguir a captação dessas atletas mais cedo. Precisamos dar condição de treinamento frequente e de qualidade para as meninas. Dar oportunidades para que elas iniciem mais jovens no futebol já pensando em um projeto de carreira", pontuou Jonas Urias, técnico da seleção sub-20.
Nos EUA, por exemplo, investe-se na formação das atletas a partir dos 5 anos de idade, com diversas competições promovidas pelos clubes. Por aqui, a primeira competição oficial de base só foi ocorrer em 2017, com a criação do Paulista Sub-17. Nesse sentido, o Brasil ainda tem muito a melhorar para se tornar mais competitivo.
"Estamos vendo mais competições de base e isso gira a roda e faz com que os clubes comecem a investir também nas categorias de base do futebol feminino, dando condição de treinamento, de estrutura. Mais competições, jogos, isso é o primeiro passo para que a máquina do futebol feminino gire e a gente veja cada vez mais meninas jovens praticando futebol no Brasil", concluiu Jonas.
4. Convocações
Das 25 atletas da última convocação, 12 atuam no Brasileirão. Com metade da seleção jogando em solo nacional, o campeonato é competitivo o suficiente para manter as melhores atletas. A recente volta de Formiga ao São Paulo, seguida da ida de Cristiane ao Santos, mostra que atletas de nível internacional estão optando pelo campeonato nacional, tornando-o mais atrativo.
Afinal, o Brasileirão Feminino Neoenergia é o mais competitivo do mundo?
Com apenas 8 anos de existência, o Brasileirão de Futebol Feminino ainda está crescendo em qualidade e visibilidade, mas já se destaca em nível de competitividade internacional e pode vir a se figurar entre os melhores do mundo daqui a uns anos.
Há muito a se melhorar, principalmente por meio de competições de base e captação de jovens talentos. Ao mesmo tempo, com uma média de idade de 24 anos, é um campeonato que mescla bem a juventude de talentos com a experiência de grandes ídolos.
Com a criação do Paulista Sub-17 em 2017, e da primeira competição nacional Sub-18 em 2019, os clubes e federações demonstram se movimentar no sentido de levar o futebol de base ao próximo nível, fator fundamental para a competitividade do cenário nacional.
Patrocínio da Neoenergia
A Neoenergia é a primeira empresa no país a patrocinar exclusivamente a seleção feminina. A Neonergia e o Grupo Iberdrola desenvolvem um projeto que impulsiona a participação das mulheres no esporte, e que, atualmente, conta com mais de 330 mil atletas subsidiados pela marca.
“O apoio da Neoenergia ao esporte feminino reforça o compromisso da companhia em ampliar a participação da mulher no contexto social e profissional, promovendo a equidade de gênero. Acreditamos na igualdade em todos os campos e compartilhamos com essas jogadoras os mesmos valores como esforço, superação, profissionalismo e trabalho em equipe”, afirma Mario Ruiz-Tagle, CEO da Neoenergia.