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O que são os títulos verdes e por que fazer investimentos sustentáveis

13/9/22

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A construção de uma economia mais sustentável demanda investimentos em energias renováveis e infraestrutura. Os títulos verdes (ou green bonds, para o mercado internacional) são uma das formas de captar os recursos necessários para financiar esse desenvolvimento mais limpo.

O que são os green bonds ou títulos verdes?

Os “bonds" são títulos de dívida ou créditos emitidos por instituições privadas ou públicas para que investidores apliquem recursos com a promessa de receber os valores com remuneração um tempo depois. Na prática, é como se o dinheiro fosse “emprestado" para ser utilizado em projetos, viabilizando-os.

Esses títulos são considerados verdes quando têm o objetivo de financiar iniciativas ambientalmente sustentáveis ou com potencial de mitigar ou promover a adaptação às mudanças climáticas.

Com essa classificação, é possível fazer a promoção do atributo ambiental junto aos investidores, ou seja, reforçar que os objetivos de contribuir para a preservação do meio ambiente estão alinhados entre quem está realizando o projeto e quem está aplicando recursos.

O que são debêntures verdes?

Os títulos verdes (ou green bonds) são de renda fixa, o que quer dizer que o rendimento é conhecido previamente ou depende de indicadores como taxa de inflação e taxa de juros. Os debêntures verdes são um desses instrumentos. Há outros modelos, com regras diferentes, como Cotas de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), Letras Financeiras e Notas Promissórias. No exterior, eles podem ser bonds, notes ou commercial papers.

Como é feita a emissão de títulos verdes?

A emissão dos títulos verdes é feita pelas empresas. OGuia para emissão de títulos verdes no Brasil, produzido pela Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) e pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), afirma que as etapas típicas são: primeiro realizar análises de mercado e de riscos e oportunidades e, em seguida, observar os projetos, avaliando, entre outros pontos, se eles atendem aos critérios de elegibilidade. Esses critérios podem ser relacionados à mitigação de impactos ambientais e climáticos negativos ou à adaptação aos seus efeitos.

Após a emissão, deve ser feito o monitoramento e a publicação de relatórios com o acompanhamento dos indicadores.      

 

 

  clip-art com ilustrações de projetos que podem ser financiados com títulos verdes
 

Os green bonds têm credibilidade?

Usualmente, os títulos verdes passam por uma avaliação externa para confirmar as credenciais ambientais dos projetos e dar mais transparência ao processo. O formato se adequa à estratégia da emissão dos créditos, podendo ser, por exemplo, um parecer de consultorias e instituições, a certificação de empresas de auditoria ou o rating verde, que é a pontuação do título.

Vale a pena investir em green bonds?

Investir em projetos verdes traz diversas vantagens, além de fomentar o desenvolvimento sustentável. Alguns benefícios são a maior transparência na utilização dos recursos, já que há o monitoramento dos aportes e dos resultados, somada ao retorno financeiro.

Ao avaliar os títulos verdes, o investidor pode levar em consideração as informações de liquidez (tempo necessário para receber os recursos em dinheiro) e rentabilidade. Outro fator é o desempenho de sustentabilidade do emissor, incluindo estrutura de governança e compromissos ambientais.

Os títulos verdes podem ser adquiridos tanto por investidores individuais quanto por institucionais, como fundos de pensão, fundos de previdência, seguradoras e gestores de ativos de terceiros (asset managers).

Qual é a relação entre títulos verdes, títulos ESG e outros títulos temáticos?

Os títulos verdes são necessários para o desenvolvimento sustentável, mas não são a única forma de viabilizar esses investimentos focados em práticas ESG (ambientais, sociais e de governança, na sigla em inglês). Há outros mecanismos, os chamados títulos temáticos, como os sociais, sustentáveis e vinculados à sustentabilidade (social, sustainability e sustainability-linked bonds, em inglês, para o mercado financeiro global).

Os títulos sociais podem ser usados para financiar projetos de geração de emprego, habitação a preços acessíveis, segurança alimentar, entre outras iniciativas que podem contribuir para a qualidade de vida das pessoas.

Já os títulos de sustentabilidade são voltados a projetos com caráter socioambiental, combinando as características dos verdes e dos sociais. Os títulos vinculados à sustentabilidade são ligados a indicadores, como as metas de reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE) e de consumo de energias renováveis.

Títulos verdes e necessidade de investimento sustentável em números

No primeiro semestre de 2022, foram emitidos no mundo 417,8 bilhões de dólares em títulos GSS+, sigla que considera os verdes, sociais, de sustentabilidade, atrelados a metas sustentáveis e os de transição. Desse total, 52% são verdes. Os dados são do Sustainable Debt Market Summary H1 2022, elaborado pela Climate Bonds Initiative.

No Brasil, a emissão de títulos verdes vem crescendo e o volume quase triplicou entre 2020 e 2021.

Segundo o Plano Decenal 2031 da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), R$ 530 bilhões são necessários no Brasil, em geração e transmissão de energia elétrica, para ter 83% da matriz elétrica em fontes renováveis.

No mundo, a estimativa da Agência Internacional para as Energias Renováveis (Irena), no estudo World Energy Transitions Outlook 2022, é de que os aportes devem ser de 5,7 milhões de dólares por ano até 2030 para limitar o aquecimento global a 1,5ºC, incluindo o redirecionamento de 0,7 trilhão de dólares que antes seriam de combustíveis fósseis para tecnologias de transição energética.

Títulos verdes da Neoenergia

A Neoenergia captou, em 2021, R$ 2 bilhões em títulos verdes, entre elas as primeiras certificadas no setor de distribuição de energia elétrica do país. As operações foram incentivadas pela elaboração do Green Finance Framework, um protocolo de financiamento verde que estabelece as diretrizes para as emissões realizadas pela companhia

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