Forró é Patrimônio Cultural do Brasil
O forró é o ritmo que embala as festas de São João nos estados do Nordeste. Criado em Pernambuco, foi popularizado em todo o país a partir da década de 1950, por ícones como Luiz Gonzaga, o chamado Rei do Baião. Música feita para ouvir e dançar, o forró é hoje reconhecido oficialmente como Patrimônio Cultural do Brasil.
Onde surgiu e qual foi a evolução ao longo do tempo?
A história do forró começa no Sertão pernambucano, em bailes populares. As primeiras manifestações que deram origem a esse gênero são do século XIX, mas, na forma como é conhecido hoje, surgiu e ficou conhecido em todo o país em meados do século seguinte. O primeiro registro é da música “Forró na Roça", de 1937, escrita pelos compositores Manoel Queiróz e Xerém.
O historiador potiguar Luis da Câmara Cascudo contava que a origem do nome deriva do “forrobodó", expressão que vem de um termo africano e significa farra, confusão.
Como estilo musical, o forró tradicional, ou pé-de-serra, é marcado pelo som da zabumba, triângulo e sanfona. Na dança, tem casais que arrastam os pés no chão. No início, as composições eram inspiradas principalmente no modo de vida rural. Com a popularização, passaram a retratar também alegrias e amores ou a saudade. Isso porque o forró se espalhou em um período de forte migração de sertanejos para o Sudeste e o ritmo passou a representar um elo com a terra natal.
O forró tradicional, esse espalhado na década de 1950 por Luiz Gonzaga (além de Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, Marinês e Trio Nordestino, ganhou novas formas com o passar do tempo. Hoje, há também o forró universitário e o forró eletrônico.
A partir da década de 1970, diferentes artistas inovaram na musicalidade, apresentando ainda outras possibilidades para o gênero, que ganha instrumentos como guitarra e saxofone em músicas de Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Gilberto Gil e Nando Cordel, além de Alcymar Monteiro, Petrúcio Amorim e Jorge de Altinho. Há uma segunda fase dessa modernização do forró entre os anos 1990 e 2000, marcada pela banda Falamansa.
Já o forró eletrônico foi criado nos anos 1990 e traz a tecnologia para os palcos, investindo no órgão eletrônico e em apresentações com brilho, iluminação e coreografias. Os precursores desse movimento são bandas como Mastruz com Leite e Magníficos.
Festa, dança ou música: o que é o forró?
O forró é música, dança e festa. Como estilo musical, está associado a outros gêneros, alguns entre os mais conhecidos são: xote, xaxado e baião. Para dançar, tradicionalmente, é em pares, com os parceiros um de frente para o outro. Como dança, o forró ganhou também o nome de “arrasta-pé", que tem origem nos primeiros bailes, realizados em chão de terra batida, em que os participantes dançavam arrastando os pés para evitar que a poeira se espalhasse.
Dia Nacional do Forró
Considerado uma expressão cultural do país, o forró tem um dia especial reservado no calendário nacional. Não à toa, o Dia Nacional do Forró, instituído em 2005, é comemorado em 13 de dezembro, em homenagem ao aniversário de Luiz Gonzaga. É uma homenagem ao cantor responsável por ampliar as fronteiras do gênero.
Por que o forró pode ser considerado um Patrimônio Cultural do Brasil?
As matrizes tradicionais do forró foram reconhecidas como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2021, dez anos após a Associação Cultural do Balaio do Nordeste, da Paraíba, registrar o pedido. A proposta recebeu apoio de 423 forrozeiros de todo país, em abaixo-assinado.
O reconhecimento é importante porque pode expandir as políticas públicas de incentivo ao forró. Durante o processo, especialistas defenderam a ampliação de centros, festivais e atividades para divulgação do gênero, como forma de valorizá-lo.
Patrimônio Cultural Imaterial
Os bens culturais de natureza imaterial são práticas e formas de expressão que formam tradições de um povo. Eles são um patrimônio transmitido de geração a geração, sendo recriado pelas comunidades e mantendo o sentimento de identidade. O reconhecimento do Patrimônio Cultural Imaterial pelo Iphan é um instrumento para preservá-los. Entre os gêneros já registrados, além do forró, estão o repente, a ciranda do Nordeste, a roda de capoeira, o maracatu nação de Pernambuco e o carimbó do Pará.
Festa Junina e forró: qual é a relação?
Do pé-de-serra ao eletrônico, o forró é um estilo famoso nas festas juninas, principalmente nos maiores polos, como Campina Grande (PB) e Caruaru (PE). Apesar de a tradição ser maior no Nordeste, não se pode negar que o ritmo contagia as festas dos outros estados brasileiros.
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