Como funciona o trabalho no COI

Erik Linguester e Jose Silva
O Centro de Operações Integradas, mais conhecido como COI, é a área da empresa que controla toda a operação de distribuição da Neoenergia. Nele, todo o trabalho nas áreas de concessão é monitorado, gerido, desde a logística das equipes em campo até o próprio fornecimento de energia para o cliente final.
Para explicar um pouco mais sobre essa área que é coração da Distribuição, o gerente de operação do COI da Neoenergia Elektro, José Silva, e especialista de engenharia, Erik Linguester, contam um pouco mais sobre a rotina de trabalho, os desafios encontrados e como foram suas trajetórias até chegarem aqui.
Como é o dia a dia do COI?
Aqui trabalhamos em escalas, são 7 dias por semana, 24 horas todos os dias. Temos turnos que trabalham durante a madrugada, períodos da tarde e manhã. Por ser um serviço essencial, sempre temos pessoas atuando para nossos clientes.
Basicamente atendemos 228 municípios, sendo 223 no estado de São Paulo e 5 no estado do Mato Grosso do Sul.
Tudo é direcionado por aqui, desde um sistema comercial, um corte, uma ligação nova, uma religação etc. Também cuidamos dos restabelecimentos de uma possível falta de energia por um defeito acidental, por uma vegetação que cai, um animal, uma descarga atmosférica, entre outras intercorrências. Somos responsáveis por toda essa gestão de 100% das atividades das equipes em campo e temos operadores sempre em regime de escala atuando em algumas UTDs (Unidades Territoriais de Distribuição).
Qual o maior desafio de trabalhar no COI?
O mais desafiador é nos anteciparmos e conseguirmos identificar a necessidade do cliente sendo assertivos. Trabalhamos intensamente para isso e podemos dizer que acertamos bastante. Mas claro temos oportunidades de melhorar, por isso, trabalhamos e aprendemos a partir das oportunidades e sabemos como nossa atuação aqui faz total diferença na vida de muitas pessoas.
Sabemos o quanto nosso impacto é muito grande e encaramos esse desafio com muita seriedade. Ao longo dos anos o setor elétrico evoluiu bastante em tecnologia e aqui no COI vivemos toda essa evolução. Acompanhamos as mudanças e trabalhamos para que qualquer incidente interfira o mínimo possível os nossos clientes.
Antigamente, um restabelecimento de energia poderia levar uma hora, uma hora e meia. Atualmente, transformamos esse tempo sem energia em três minutos ou até em uma simples piscada de segundos.
Um exemplo clássico que gosto de mencionar para reforçar a relevância do nosso trabalho é que, antes da pandemia da Covid, não tínhamos tanto trabalho remoto nas casas. O maior desafio nosso é transformar e evitar esse pique de energia, porque sabemos que até esses segundos interferem quem trabalha home office, já que a internet vai cair e precisa reconectar.
De que forma vocês conseguem antever qualquer incidente e atuar em tempo hábil nas intercorrências?
Temos um monitoramento climático preciso, que nos possibilita antecipar aquilo que vai ocorrer dentro desse âmbito. Também mantemos contato com órgãos e instituições de confiança como Defesa Civil, Climatempo, entre outras.
Dessa forma, conseguimos nos antecipar caso haja ocorrência de chuvas em uma localidade específica e direcionar nossas equipes antes de acontecer um incidente ali. Basicamente, nossa organização é tentar trabalhar sempre programado, não esperar acontecer para depois atuar. Buscamos estar sempre a um passo mais rápido e trabalhamos forte no plano de contingência para que nunca falte recurso.
Nosso orgulho também vem dessa operação planejada e estruturada de um serviço essencial indispensável para a sociedade. Muitas vezes estamos energizando uma cidade inteira, um hospital, locais de extrema importância que precisam da energia, tanto quanto nossas casas, e aqui no COI é um profissional atuando, às vezes só apertando o botão, mas mudando muitas vidas.
Parte da equipe do COI na Neoenergia Elektro
Qual é a maior gratificação de atuar num serviço essencial para a população?
Além desses exemplos que mencionei como hospitais, escolas, uma cidade inteira, também destaco uma ligação nova, ou seja, um novo local sendo energizado. O que na prática para nós poderia ser uma simples unidade consumidora sendo ligada, nós sabemos que às vezes é um sonho de uma pessoa se iniciando. É uma casa que uma família conquistou ou um empreendimento que um empresário autônomo está começando.
Existe uma época de maior atenção para vocês? Ou cada uma tem suas particularidades?
Todas as épocas têm seus desafios, mas posso destacar o verão, que para a nossa área de concessão é preciso atenção. Aqui no estado de São Paulo, o verão é muito forte no litoral. É uma época de férias, muito movimento e, consequentemente, maior demanda de energia nos municípios que atendemos.
Aqui na Neoenergia Elektro atendemos 80% do litoral paulista, então nesse período, em especial final do ano, quando tem as festas estamos sempre em alerta e mobilizados para mitigar e reduzir o impacto para nossos clientes.
Como é feita a preparação e o treinamento dos profissionais que atuam no COI?
Nosso processo seletivo visa sempre cargos técnicos e 100% do treinamento é feito pelo próprio Time. O profissional selecionado passa por um processo de preparação, tanto com partes teóricas de elétrica básica até os procedimentos Operacionais na prática. No centro de operação temos muito procedimento para ser cumprido e precisamos ser ágeis e assertivos para garantir a segurança das nossas equipes e da população.
E o profissional conclui o treinamento 100% apto a operar o COI depois desses quatro meses?
Não. Depois desse treinamento ele passa por um período de tutorado de mais dois meses. Esse tempo consiste em ficar ao lado de um operador sênior, já com uma bagagem dentro do COI, que vai tutorando e acompanhando todo o trabalho. Acredito que somos pioneiros nessa preparação mais cuidadosa, na qual os operadores trabalham de forma conjunta, lado a lado, vivendo as situações juntos. Tudo de forma internalizada, sem interferência externa.
O programa de tutorado também se tornou uma motivação para os profissionais do COI almejarem. Todos que entram aqui querem ser tutores e se tornarem referência para os novos colaboradores nesse primeiro treinamento. Eles sabem como é importante essa fase e lembram como foi seu momento, ficam desejando fazer igual. Dessa forma, voltamos a estimular o desenvolvimento de nossos colaboradores.
Desenvolver nosso pessoal interno é nosso maior propósito, que engaja, estimula e cria um ambiente de satisfação, além disso, transformamos bons profissionais e garantimos a segurança da operação, mais uma vez, já que todos estão buscando serem referência em treinamento e atuação.

Como o avanço da tecnologia e inovação impacta no trabalho no COI?
Difícil até mensurar, mas posso exemplificar. Em 2010, por exemplo, tínhamos cerca de 120 equipamentos na rede. Hoje, temos mais de 4500 equipamentos telecomandados, sendo mais da metade deles de forma automática. Por mais que pensemos que isso torna o processo mais rápido, a atenção para o operador é muito maior também.
Porque por existir um automatismo, o profissional precisa pensar como o automatismo está fazendo para poder atuar com a inteligência e o raciocínio humano. Além disso, tudo muda rapidamente e precisamos nos adaptar. Ontem estávamos falando de Power BI e hoje falamos de inteligência artificial. Temos que nos atualizar sempre, tanto para novos automatismos quanto para novos tipos de rede etc.
Ocorrências que demoravam uma hora e meia, duas horas para restabelecer, hoje acontecem em até três minutos. E para restabelecer remotamente, antes era feito por ligação, hoje pode ser feito por um botão muitas vezes.
Houve algum episódio que marcou a história de vocês no COI?
Sim, são várias histórias, mas uma que marcou todos que atuavam naquele dia foi a de um temporal muito grande no estado de São Paulo, que atingiu não só nossa área de concessão, mas todas as distribuidoras de energia da região. Eram ventos acima de 120km/h, um volume de água inimaginável e acabou abrangendo um número maior de clientes que nunca havia acontecido.
Fomos muito ágeis e seguros para restabelecer, de novo a questão do orgulho que sentimos em nosso dia a dia. Nós víamos os equipamentos desligando e nossas equipes atuando rapidamente para conseguir restabelecer a energia. Foi a maior crise do estado todo, uma cidade desligava, enviávamos a equipe e logo depois vinha outra cidade próxima, que tinha contingência, desligada também. Inclusive, nossas equipes também ajudaram socorrer a população, porque nessas horas todos se ajudam, enquanto eles mesmos também estavam em situações de risco nas ruas.
Posso dizer que nossas equipes foram ao mesmo tempo eletricistas, restabelecendo energia, e bombeiros, ajudando a Defesa Civil, ajudando o Corpo de Bombeiro a fazer resgate. Foi realmente um caos em muitos lugares. Nessas horas, por segurança também precisamos desligar a energia em alguns locais para evitar acidentes elétricos, então realmente foi um trabalho árduo em todos os âmbitos.
Toda a equipe do COI atuou durante essa crise?
Toda equipe e mais um pouco. Nosso time completo estava presente, porque precisa aumentar o contingente nesses casos extremos. Por ser uma crise excepcional, também vieram pessoas de outras áreas que já atuaram no COI e são mapeadas num plano de emergência que temos para esses momentos, a fim de ajudarem pela experiência já adquirida. Ao todo eram mais de 100 pessoas trabalhando ao mesmo tempo e quando concluímos a ocorrência foi uma mistura de alívio, com gratidão e, novamente, o orgulho do dia a dia de estar fornecendo um serviço essencial a população. Esse é o trabalho do COI.