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Fusões e aquisições com propósito: uma abordagem sustentável da Neoenergia

Ao adotar uma abordagem focada em fusões e aquisições alinhada a critérios ESG+F, a Neoenergia fortalece o seu compromisso com o desenvolvimento do mercado de energia. 

Para entender melhor esse modelo e os fatores que impulsionam as decisões da companhia, conversamos com Carlos Choqueta, diretor-executivo de Desenvolvimento Corporativo da Neoenergia. Com mais de 14 anos de experiência no setor, Choqueta possui uma trajetória sólida em gestão de projetos complexos e negociações estratégicas. Durante esse bate-papo, ele compartilha sua visão sobre os desafios enfrentados nos processos de M&A (sigla em inglês para fusões e aquisições) e as oportunidades que moldam o futuro da empresa e do setor como um todo.

A Neoenergia acaba de ser reconhecida pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-SP) em um dos mais tradicionais prêmios do mercado financeiro, o Golden Tombstone, exatamente na categoria M&A. Qual foi a sensação ao receber a notícia?

A conquista é muito significativa para nós, porque fomos reconhecidos pelo mercado por adotarmos um modelo de negócio que representa mais geração de valor para os nossos stakeholders, com disciplina na alocação de capital. Além disso, o prêmio reflete o engajamento dos nossos colaboradores com o sucesso desses projetos e na promoção de práticas sustentáveis.

Ao saber que a Neoenergia seria a vencedora do Prêmio, a sensação foi de realização, por termos evidenciado para o mercado, mais uma vez, a força do time Neoenergia e os resultados incríveis que alcançamos, tendo a certeza de que estamos no caminho certo, com as pessoas certas. Foi um reconhecimento para todo Grupo do ótimo trabalho realizado (muitas e muitas horas dedicadas) e foi uma satisfação enorme ver a alegria da minha equipe e de toda Neoenergia com essa premiação.

Quais são os principais desafios que você enfrenta na área de fusões e aquisições?

Na minha opinião, o principal desafio é ter as pessoas certas, formar uma equipe vencedora e manter o engajamento, sempre alinhado com o propósito da companhia. Isso vale não apenas para M&A, mas para todas as áreas. Inspirar e engajar pessoas sempre é um desafio (e um prazer ao mesmo tempo) e no final é o segredo do sucesso para as conquistas.

Sobre fusões e aquisições de um modo geral, falamos sobre projetos complexos que podem envolver diversos processos de forma simultânea, como a compra de um ativo, venda, permuta, combinação, ou seja, podem envolver várias empresas, várias áreas e, muitas vezes, isso acontece entre companhias com objetivos divergentes.

Nesse sentido, o desafio central é alinhamento de objetivos, clareza na definição de tarefas, além da criação de projeto que atenda aos interesses das partes envolvidas. As negociações de contratos sempre são muito duras. Sempre digo que um projeto é bem-sucedido quando ambas as partes ganham. Não existe M&A quando um dos lados quer ganhar sozinho.

Como a Neoenergia avalia oportunidades de M&A no mercado de energia?

Tudo se inicia com a visão estratégica do grupo, ou seja, o foco em disciplina de alocação de capital e geração de valor, projetos e ativos que sejam aderentes aos pilares de negócios da Neoenergia e que atendam aos nossos princípios de sustentabilidade e responsabilidade social.

Com isso em mente, nosso time faz um acompanhamento constante das oportunidades de mercado e validações com os times de negócios, para identificar aquelas que sejam realmente interessantes de engajarmos para as análises. Todos os projetos, seja de aquisições, seja de desinvestimentos de ativos, terão como meta gerar valor e agregar para a estratégia do grupo.

Pode nos contar um pouco sobre as principais operações de M&A realizadas pelo Grupo nesses últimos anos? E fale um pouquinho sobre a operação vencedora do Golden Tombstone...

Poderíamos passar algumas horas falando dos projetos de M&A da Neoenergia, pois nos últimos anos temos sido referência no setor. Penso que três operações merecem destaques: a compra da Neoenergia Brasília; a parceria com GIC - com a venda de 50% dos ativos de transmissão operacionais e parceria para futuros leilões, e, por fim, não poderia deixar de citar o Projeto Spring, reconhecido como a melhor operação de M&A do Brasil em 2023. 

A última operação, em especial, me desafiou do começo ao fim. Literalmente, tivemos emoções até o final. Muitos duvidavam se conseguiríamos,  de fato, executar, dada a complexidade de envolver várias empresas, com ativos complexos e algo totalmente inovador no setor. Superamos todos os desafios e alcançamos nosso principal objetivo: consolidar um ativo premium (Dardanelos) e desinvestir de um ativo menos estratégico para o Grupo (no caso, Teles Pires).

A perseverança do meu time, que acreditou no projeto e conseguiu realizar um trabalho impecável, fez toda a diferença e isso merece destaque. A companhia inteira se sentiu parte e fez o seu melhor, a diretoria apoiou demais, sobretudo nosso CEO, Eduardo Capelastegui, o maior incentivador e defensor desse projeto, além do apoio irrestrito do time de Desarrollo Corporativo da Iberdrola. Aliás, fazer parte do Grupo Iberdrola é uma fortaleza e um diferencial nas operações de M&A.   

Como você vê o futuro do setor de energia no Brasil em termos de consolidação e oportunidades de negócios? 

O setor está em constante evolução. Acredito que veremos um aumento na consolidação, especialmente à medida que as empresas buscam ganhar escala e eficiência. As energias renováveis vão continuar gerando muitas oportunidades, motivadas pela demanda crescente por soluções sustentáveis. 

Penso que a digitalização e a inovação tecnológica permanecem firmes na abertura de novas frentes de negócio e na transformação da maneira como gerenciamos e distribuímos energia. Estamos muito bem posicionados para esse momento e integrar o Grupo Iberdrola nos traz inúmeras vantagens competitivas para sermos líder no setor de energia no Brasil.

Como a sustentabilidade e a responsabilidade social influenciam as decisões de fusões e aquisições na Neoenergia? 

A sustentabilidade está no centro da nossa estratégia de Desenvolvimento Corporativo. Avaliamos rigorosamente os impactos de cada transação sob todos os ângulos, seja financeiros ou de negócios, bem como aspectos de compliance, riscos, ambientais, governança, dentre outros. Buscamos empresas ou projetos que compartilhem nossos valores e acreditamos que investimentos sustentáveis são essenciais para o crescimento a longo prazo e para a criação de valor para todos os nossos stakeholders. 

Com a Neoenergia se estrutura para aproveitar as oportunidades e enfrentar os desafios do setor? 

O primeiro passo é fazendo a “lição de casa”. Temos muitos projetos já em andamento dentro do grupo. Por exemplo, os ativos de transmissão que começam a entrar em operação e serão oferecidos ao GIC como continuidade do projeto Unique. Eles irão reforçar a estratégia de otimização de portfólio e disciplina de capital do grupo. Ao mesmo tempo, avaliamos continuamente as oportunidades de mercado e buscamos aquelas que façam mais sentido para a Neoenergia. 

Somos proativos para capturar essas oportunidades e temos o compromisso de fortalecer nossas capacidades operacionais e financeiras para navegar pelas flutuações inevitáveis do mercado e, assim, continuar liderando a transição energética no Brasil.

Quais habilidades e características você considera essenciais para ter sucesso na área de M&A? 

A primeira habilidade que eu citaria é saber trabalhar em equipe e gostar de grandes desafios (e muitas emoções). Também destaco que ter uma visão estratégica e atualizada do setor é fundamental, assim como habilidades analíticas para avaliar oportunidades e riscos. Outro aspecto muito importante é a resiliência, seja pela pressão de execução dos projetos, seja pela capacidade de se recompor rapidamente quando alguma operação é frustrada.

Ainda que a Neoenergia seja um benchmark no setor em projetos de M&A, a taxa de “mortalidade” dos projetos é elevada. Por fim, a capacidade de negociação, aptidão para construir relacionamentos sólidos e a capacidade de gerir equipes multifuncionais são, sem dúvida, essenciais. 

Que conselhos você daria para jovens profissionais que desejam seguir uma carreira na área de Desenvolvimento Corporativo(M&A)? 

Não sei se muita gente sabe, mas comecei a carreira no Grupo em 2010 como estagiário. E reforço: a Neoenergia tem muitas oportunidades para jovens profissionais. A melhor dica que eu poderia dar para alguém que busque uma carreira nessa área é buscar sempre aprender e se atualizar, porque o setor de energia é dinâmico e exige uma compreensão profunda de aspectos nem sempre aparentes. 

Desenvolver habilidades analíticas e de negociação é essencial, assim como construir uma rede de contatos sólida. Ter paixão pelo que faz e estar disposto a enfrentar desafios com resiliência e determinação são essenciais. 

Para finalizar uma dica que vale para qualquer área: faça sempre o seu melhor, busque sempre soluções simples para problemas complexos e trabalhe bem em equipe!