
Cordel Literature: what it is, history and curiosities
"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer
Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome, pergunto o que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará."
Sou Cabra da Peste (Patativa do Assaré)
O trecho que você acabou de ler é do cordelista Patativa do Assaré, o dono de uma das obras mais celebradas da Literatura de Cordel. Em 1º de agosto comemora-se o Dia Nacional do Cordel, estilo literário que recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro em 2018. Vamos conhecer um pouco mais desse estilo literário tão rico e importante para a cultura brasileira?
O QUE É LITERATURA DE CORDEL?
A Literatura de Cordel é um gênero literário popular, escrito frequentemente de forma rimada, originada de relatos orais e depois impressos em folhetos. A literatura de cordel se popularizou no Brasil nas regiões Norte e Nordeste, sendo hoje difundida em todo o território nacional. Publicada em pequenas brochuras impressas, o termo “cordel” vem do fato de serem apresentadas penduradas em cordas - ou cordéis.
Além de gênero literário, o cordel era veículo de comunicação e ofício, garantindo a fonte de renda de muitos cordelistas. Popularizado no século XIX, tornou-se uma forma de expressão da cultura brasileira, trazendo contribuições da cultura africana, indígena, europeia e árabe, entoando as tradições orais, a prosa e a poesia.
Os poetas cordelistas modernos definem o cordel como gênero literário obrigatoriamente de três elementos principais: a métrica, a rima e a oração. Esses elementos, associados às xilogravuras, que são as ilustrações das histórias estampadas nas capas dos livretos, formam a literatura de cordel.
HISTÓRIA DA LITERATURA DE CORDEL
Ao contrário do que muitos pensam, o cordel não foi criado no Brasil. O estilo já existia no período dos povos greco-romanos, fenícios, cartagineses e saxões. Chegou a Portugal e Espanha por volta do século XVI. No Brasil, veio com os colonizadores, instalando-se na Bahia, mais precisamente em Salvador, que à época era a capital brasileira.
Estudos apontam 1893 como o marco da literatura de cordel, quando o paraibano Leandro Gomes de Barros teria publicado os primeiros versos no país. Os folhetos em que eram inseridos pequenos textos corridos e poemas eram chamados de "folhetos de cordel". Esses folhetos sempre eram vendidos de mão em mão e a baixo custo.
"O folheto-de-cordel e espetáculos populares como 'auto-de-guerreiros' ou o 'cavalo-marinho' são fontes preciosas para os artistas que sonham se unir a uma linguagem mais apegada às raízes da cultura brasileira. É que, em seu conjunto, tudo aquilo forma um espaço cultural criado por nosso próprio povo e no qual, por isso mesmo, ele se expressa sem maiores imposições ou deformações que lhe viessem de fora ou de cima", escreveu, em 1999, o escritor Ariano Suassuna, para quem a "imensa maioria do povo pobre do Brasil real" é o único contingente da população "verdadeiramente autorizado a criar uma arte popular brasileira"
MULHERES NA LITERATURA DE CORDEL
No início do século 20, numa sociedade com poucos meios de comunicação disponíveis, o cordel proliferou por vários estados do Nordeste. No entanto, desde o início da publicação dos folhetos até a década de 1970, a mulher cordelista ainda estava invisível: apesar de serem tema de tantos cordéis, não era comum mulheres cordelistas publicando oficialmente.
Em 2020, a sergipana Izabel Nascimento ministrou uma palestra no 3º Encontro de Cordelistas da Paraíba, falando sobre o tema "O Cordel como Ferramenta de Transformação Social", Izabel fez um recorte histórico para denunciar o traço forte do machismo nesse gênero literário. A intenção foi vislumbrar mudanças numa poesia que ainda não reconhece, não valoriza, nem respeita o papel e o protagonismo da mulher cordelista. Foi a primeira vez que um grupo de mulheres se reuniu para organizar um movimento de denúncia e enfrentamento ao machismo no cordel.
Assim nasceu a campanha #cordelsemmachismo, atualmente formada por um grupo denominado Movimento das Mulheres Cordelistas Contra o Machismo.
A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO NACIONAL
Dado seu valor cultural e histórico, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) concedeu à literatura de cordel, em setembro de 2018, o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, sendo alçada a bem cultural de natureza imaterial, patrimonializada pelo valor simbólico e sua representatividade na cultura popular brasileira.
O Instituto Neoenergia, engajado em ações de incentivo à cultura, estabeleceu uma parceria inédita com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) e mais 4 empresas para incentivar o restauro e a revitalização do patrimônio material, imaterial e de acervos memoriais de todo o país.
Batizado de "Resgatando a História", o programa terá investimentos de 200 milhões de reais, sendo uma parte do BNDES Fundo Cultural, que conta com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O "Resgatando a História" tem o objetivo de ser o maior programa de preservação do patrimônio histórico no Brasil, congregando recursos das iniciativas pública e privada.
News
2025-04-22
Neoenergia vende 50% de Itabapoana Transmissão
2025-04-15
Nova campanha da Neoenergia celebra a potência feminina no esporte e reforça apoio às atletas embaixadoras da marca
2025-03-27
Instituto Neoenergia lança chamada inédita unificada de editais para apoiar projetos sociais
2025-03-21
Neoenergia é reconhecida entre as empresas mais exemplares do mundo em sustentabilidade
2025-03-14